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sábado, 2 de agosto de 2008

A causa Sergio Vieira de Mello continua viva

Por: Eduardo Suplicy*

Quando contei, na semana passada, à Carolina Larriera, hoje no escritório do Rio de Janeiro, como Representante para a America Latina da Drugs for Neglected Diseases Initiative (DNDi), que eu viajaria para o Iraque, justamente para apresentar a proposição que Sérgio Vieira de Mello havia abraçado, ela ficou emocionada. Pediu-me, se possível, que levasse numa sacolinha um pouco de terra do Brasil para jogar no Canal Hotel, onde em 19 de agosto de 2003, um caminhão que levava uma potente bomba explodiu, destruindo o escritório sede da ONU em que Sergio trabalhava, provocando sua morte e a de mais 18 pessoas. Entretanto, não pude atender ao pedido que segundo ela teria um significado de imensa transcendência. Por orientação do Itamarati e do Embaixador do Brasil no Iraque, Bernardo de Azevedo Brito, que me acompanhou desde Amã, nos três dias que passaria em Bagdá não deveria, por questões de segurança, sair da área verde.O meu primeiro encontro em Bagdá, no ultimo dia 16, foi com o representante da ONU que substituiu Sergio Vieira de Mello, Staffan De Mistura, o qual falou da extraordinária estima que todos sentem por Sérgio e da vontade de levar adiante seus propósitos. Em que pese todas as dificuldades, Sérgio estava contribuindo de maneira formidável para a superação dos problemas, a promoção da democratização e da paz no Iraque, como ressalta a reportagem de 11 paginas publicada no New Yorker de 7 de janeiro último.Contei a De Mistura do diálogo que eu tivera com Sérgio em 2003 onde sugeri que propusesse às autoridades iraquianas a instituição de uma Renda Básica de Cidadania para todos os seus 30 milhões de habitantes. Também disse-lhe da forma como Sérgio apresentara a proposta, inclusive ao ex-primeiro ministro Ibrahim Al-Jaafari, o qual me confirmou isso pessoalmente, e ao Embaixador Paul Bremer III, que à época administrava o Iraque e chegou a colocá-la na Cúpula de Reconciliação de Amã, em 23 de Julho de 2003. Vale lembrar que o próprio Sérgio, por telefone, em 1º de agosto, antes de morrer, disse-me que o Banco Mundial havia considerado a Renda Básica factível. De Mistura me levou para ver a placa de homenagem que todos os funcionários da ONU fizeram para Sérgio na atual sede do órgão na área verde. Pude então atender, em parte, o pedido de Carolina, ali depositando meu livro sobre a Renda Básica.Em todos os meus encontros, as autoridades do Iraque falaram com grande admiração e carinho sobre Sérgio. Em especial, o presidente da Assembléia Nacional do Iraque, Mahmoud Al-Meshhadani, que me pediu para avisar a família de Sérgio Vieira de Mello como o povo iraquiano se sente em débito com ele. Por isso, preparam-lhe uma justa homenagem para breve. Mahmoud também me convidou para voltar ao país onde deverei explicar mais detalhadamente como o governo iraquiano poderá instituir a Renda Básica, instrumento que assegura a todos, não importa a sua origem, raça, sexo, idade, estado civil ou mesmo socioeconômico, participarem na riqueza da nação, a exemplo do que já foi aprovado no Brasil. Acredito ser esta a maneira de todos se sentirem numa nação justa e solidária.

Veículo: Jornal do Brasil.
Data da Publicação: 22/01/2008.
* Eduardo Suplicy é senador pelo Estado de São Paulo.

2 comentários:

DANIEL AFONSO disse...

Sergio Vieira de Mello além da nacionalidade brasileira, também foi um cidadão do mundo. Em sua passagem pela ONU, conseguiu plantar várias sementes, sobretudo a luta por Diretos Humano, tão carente no mundo atual. Que os frutos de Sergio Vieira de Mello sejam colhidos e propagados em nossa humanidade.

Daniel Afonso Pinto – Assistente Social

Wellington Barbosa disse...

Parabens Daniel,
Gostaria de ver aqui mais
noticias de nossa cidade,e tambem
queria ver mais leis municipais!